Apesar de esquisitos

Queimei um hashi no micro-ondas. Fogo, literalmente. Como? Não foi difícil e eu posso provar. Mas foi inesperado e… esquisito.

Hashi (raxí, que se fala, eu acho) é aquele par de palitos de bambu que os orientais usam para comer, mas que os brasileiros usam para passar vergonha. Quando tentei usá-los pela primeira vez, eu nem sabia que tinha tantos dedos na mão, nem que eram tão descoordenados. Simplesmente não conseguia manter o raio dos palitos ao mesmo tempo na mão. Depois de aproximadamente 30 minutos de tentativa e muito erro, a comida já estava ficando fria e começou a me olhar com tristeza. Eu, cheio de empatia, retribuí o olhar querendo chorar. 

Pior que o restaurante era raiz. Do tipo que o garçom tem olhos puxados, te cumprimenta falando “raiminassan konitchuá” e com um golpe de karatê, logo na entrada. A impressão que tinha era que apenas eu não sabia usar o hashi naquele lugar. Depois vi que não era só impressão. Mas não podia me dar por vencido. Então, cutuquei a comida como se usasse palito de dente, só que gigante e sem ponta fina. Muito mais seguro. E vergonhoso.

Os anos se passaram, aprendi usar o hashi e, pasmem, peguei gosto. Os uso em casa, por exemplo, para pegar Cheetos de requeijão sem engordurar as mãos e sujar o teclado do computador. Assim, não preciso interromper o trabalho para comer. Eficiente, embora estranho.

Para economizar, lavo os hashis depois do uso. E querendo melhorar a higiene, tive a ideia de secá-los no micro-ondas. Com a radiação as moléculas de água iriam se agitar, gerando energia térmica. Isso secaria os palitos e, ao mesmo tempo, mataria as bactérias. Genial, se não tivesse colocado tempo demais. Eu estava no banheiro quando senti o cheiro. É inacreditável a quantidade de fumaça que dois palitinhos de bambu conseguem fazer. Faz 2 dias e a casa ainda fede. Muito.

Desde criança faço coisas estranhas assim. Até pensei que aos 30 anos mudaria e seria aqueles adultos que leem jornal de papel no café da manhã e usam bigode. Mal sabia eu que o jornal de papel seria praticamente extinto, que bigode se tornaria style jovem e que ser adulto significa maturidade, não necessariamente deixar de ser esquisito. É claro que meninices devem ser abandonadas, mas não é disso que estou falando. Maturidade é o quão bíblico e sábio você se torna, na maneira de pensar e agir. Porque envelhecer não é opcional, mas ser sábio é. 

A sabedoria deve ser buscada intencionalmente. E o princípio da sabedoria é o temor do Senhor (Pv 9.10). Há pessoas que colecionam primaveras, não são “estranhas”, mas não temem o Senhor. Por isso, são tolas. Também há jovens assim. Não é questão apenas de idade – esse é o ponto. Então, se sua esquisitice não é pecaminosa, preocupe-se mais em ser sábio e santo ao invés de se livrar dela. Busque o Senhor, leia a Bíblia, bons livros e ouça o conselho de pessoas sábias. Cresça, pare de se preocupar com o que é superficial e volte-se ao essencial. Lembre-se que o caminho da maturidade é uma jornada que todo cristão deve trilhar, apesar de suas esquisitices e hashis inflamados.

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