Quase

Eu quase escrevi alguma coisa sobre as pessoas que, por pouco, estão quase tomando uma atitude que pode mudar suas vidas e recuam, mas recuei.

Lamento pelos que não deram o passo crucial. Pena pelos que envelheceram tentando decidir o que iam ser quando crescer. Também dos que decidiram, mas não fizeram nada.

Alguns passam a vida acompanhados pelo que podiam ter sido. Vivem ao lado de fantasmas do irrealizado. “Se eu tivesse chegado a tempo de fazer aquela prova…”, “se eu tivesse pedido aquela moça em casamento, hoje teríamos filhos lindos…”, “se eu tivesse insistido na aula de piano, hoje estaria tocando bem…”, “se eu não tivesse desistido do casamento, a vida teria sido diferente…”. Você conhece alguém assim, que cultiva as oportunidades perdidas, como quem guarda o ticket comprado do show que não foi.

Uma música da banda Fruto Sagrado diz que o “quase pode ser a derrota, a impotência, a estrada torta. Não terminou, por isso é quase. É a desculpa dos fracassados”. Uma vez quase fui no show deles, mas desisti. Hoje a banda não existe mais.

O cavalo não passa selado duas vezes, diz o antigo ditado. Bobagem, claro. Mas não para os que tiveram a sua hora e não aproveitaram. Os mártires do quase.

A verdade é que, perdemos não uma, nem duas, mas incontáveis oportunidades. Usamos mal o tempo e talentos que temos. Deixamos de fazer o que deveríamos por puro desejo pecaminoso. Nós somos medíocres que fazem as coisas pela metade e ainda desejam ganhar medalhas por isso.
Mas é para quem reconhece sua incompletude que Jesus bradou da cruz “está consumado”! Ele, que não era quase, completou o que incompletos não poderiam. No palco da nossa derrota, ele venceu para nos fazer mais que vencedores. Do caminho que desistimos, ele se fez O Caminho – e persistiu. Em Cristo nossa história de fracasso é redimida pelo seu sucesso. Mas para isso, ele teve que assumir as consequências da nosso fiasco. Ele tomou nossa desgraça para nos dar a graça.

Então por que você ainda vive como um mártir do quase? Na obra de quem está confiando? Na sua própria ou na de Jesus? Aprenda a dizer como Paulo: “esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo da Eternidade” (Fp 3.13-14).

Espero que seu 2021 não seja mais um ano de “quase”. Eu até ia escrever um pouco mais sobre isso, contudo o assunto me fugiu, perdi a hora certa. Mas foi quase.

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