Não estava fazendo nada demais. Era um banho comum, para começar o dia. Mas o momento ordinário ganhou ares extraordinários. E poderosos.
Banhos matutinos são misteriosos. Entramos neles descabelados, amassados, indispostos, inchados e sujos. Mas saímos apresentáveis, limpos, arrumados e milagrosamente dispostos. O que acontece nesse ínterim, além de ensaboadas e ardências, quando entra shampoo nos olhos?
Entre a entrada e saída está a solidão. O banho é pessoalmente íntimo. É você, apenas. Então, não há máscara ou fingimento. Não há ninguém para agradar ou reprovar. Não há desafio a superar, amenos que tenha uns quilos a mais e não consiga alcançar os dedos pés. Mas mesmo assim, está à vontade com seu corpo, a vergonha ficou lá fora.
Entre a entrada e saída estão os sonhos – e cada um tem o seu. Alguns se tornam filósofos excepcionais, refletindo sobre os dilemas da humanidade e conseguindo soluções. “Como não pensaram nisso antes? Tão óbvio! hehehe” – pensam satisfatoriamente. Outros, se tornam cantores profissionais, realizando apresentações internacionalmente desconhecidas, para no final receberem aplausos de todos os presentes. Tudo bem que ali só tem ele, mas quem se importa com isso durante o banho? 100% é a mesma coisa com um ou com mil.
Entre a entrada e saída estão as crises. Durante o banho pensamos sobre a vida e avaliamos decisões. Nos lembramos dos erros cometidos em 1998 que ninguém mais se importa, mas não conseguimos esquecer. “Tudo estaria diferente agora!” – lamentamos com um suspiro. Não raramente choramos, principalmente se estiver tocando alguma música melancólica no celular. Até quem não está apaixonado chora de amor durante um banho, enquanto ouve Lada Del Rey. Se conseguir ouvir “Summertime Sadness” sem chorar, você é um robô – e ninguém me convencerá do contrário.
Paradoxalmente, entre a entrada e saída está a lembrança de quem somos. Ou do que achamos que somos. Ou do que gostaríamos de ser. Ou tudo isso ao mesmo tempo. E é nessa hora que dói lá no fundo. Porque somos pecadores completamente depravados, altamente ofensivos a Deus. E os pecados que eu deveria abandonar, insisto em cair. Mesmo que tivesse chorado em oração, dizendo que não o faria mais, fiz. Eu me enganei e provavelmente tentei enganar o Senhor. De novo. Essa lembrança amarga, somada aos meus próprios demônios acusadores, me lançam no chão.
Na minha miséria, entretanto, sou invadido pela graça de Jesus. O Espírito Santo me lembra que, embora não seja cantor profissional, nem filósofo, através da cruz sou filho amado de Deus. Então, as minhas ilusões se vão e os aplausos egolátricos se silenciam. Eu descubro que o banho não é solitário, pois Deus está comigo sempre. Percebo que meus sonhos são egoístas, mas posso aprender a sonhar segundo o propósito do Senhor. Compreendo que minhas crises não me definem pois tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus.
O Espírito de Deus também me lembra das palavras de Paulo: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” (Gl 2.19-20) Então, imediatamente olho para os demônios que me assolam e digo: Vocês querem me cancelar? Eu já nasci cancelado. Não dá pra matar de novo quem com Cristo foi crucificado!
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