Meu filho não aprende por nada!

Há muitas coisas que pais precisam aprender. Mas há duas que, possivelmente, estão entre as mais urgentes. Primeiro, porque estão entre as mais essenciais. E depois, porque estão entre as mais esquecidas. 

1. A educação é via de mão dupla

Quando os pais pensam na relação com seus filhos, a maioria enxerga como uma via de mão única. Como se o que estivesse acontecendo nesta relação fosse, apenas, Deus trabalhando através deles para promover a maturidade espiritual dos seus filhos. Raramente, nós pensamos no movimento inverso.

A verdade, contudo, é que a relação entre pais e filhos é uma via de mão dupla. É verdade que Deus trabalha em filhos através de pais. Mas o contrário também é verdade: Deus trabalha em pais através de filhos.

Isso possui inúmeras implicações para a maneira como os pais devem ver e participar da relação com os seus filhos. Cito duas.

Primeiro, pais também erram na comunicação com seus filhos, afinal, também estão aprendendo a ouvir e falar. É comum filhos relatarem que seus pais não os ouve. Igualmente comum, os pais reclamarem do mesmo. Os pais devem aprender o momento e maneira de falar, de forma que ensine seus filhos a ouvir. Por outro lado, também precisam aprender a ouvir de verdade seus filhos. Fazendo isso, eles saberão que estão ali para eles, que há liberdade e amor. Ouvir é um exercício de respeito que precisa ser ensinado aos filhos, enquanto os pais praticam com eles.

Segundo, pais também erram com seus filhos, afinal, também estão aprendendo a ser pais. Os filhos precisam de instrução bíblica, é verdade. Mas os pais também. Ambos errarão. Os filhos devem aprender a se arrepender e pedir perdão. Os pais também. Muitos filhos enxergam seus pais como figuras distantes, arrogantes e orgulhosas porque veem seus erros, mas não seu arrependimento. Implicitamente, aprendem que os pais não são exemplo a ser seguido. A hipocrisia envenena a relação.

2. A educação não é uma linha de montagem

Outra coisa perceptível é a visão imediatista do processo de educação de filhos. Alguns pais, foram moldados pelas características da nossa cultura e sociedade, que nos faz pessoas ansiosas por resultados e desacostumadas ao tempo dos processos. Por isso, esperam que aquilo que fazem hoje, em relação a seus filhos, dê resultado, imediatamente.

E isso é um perigo. Porque, mais cedo ou mais tarde (geralmente, mais cedo do que tarde) a realidade bate à porta, mostrando que isso não acontece. E a tendência é que eles fiquem irritados e desanimados.

O desânimo os faz oscilar entre pesar a mão ou retirá-la. Pesar a mão significa se tornar um pai hiper-severo, criando um ambiente onde não há espaço para erro e arrependimento, apenas punição. Como há pressa para que os filhos aprendam, também há uma força desproporcional sobre eles. Um ambiente legalista é criado, que faz os filhos se sentirem inseguros para crescer, já que isso implica em tentar e eventualmente errar. Muitos potenciais não são desenvolvidos, tanto nos pais quanto nos filhos, por não haver graça.

Retirar a mão, por outro lado, significa desistir de perseverar na disciplina. Já que os filhos não aprendem rápido, os pais abrem mão e se frustram. “Dá menos trabalho deixar a criança fazer o que quer” ou “já tentei muito e não adiantou” são pensamentos comuns. Isso, contudo, deixa a criança a mercê de si mesma e do próprio pecado. Sem correção e direção, a inclinação ao pecado falará mais alto. Deixar os filhos fazerem o querem amaldiçoá-los e falhar como pais. É pecar contra eles e contra Deus.

É urgente que os pais contemporâneos recuperem essas duas importantes verdades: a educação de filhos envolve uma relação na qual eles não são, meramente, sujeitos (quem ensina), mas sujeitos e objetos (quem aprende) ao mesmo tempo.

Educação é um processo longo e duradouro, no qual os efeitos do que fazemos hoje não serão visto hoje, serão vistos amanhã. Assim como entendemos algumas lições depois de muitas primaveras, algumas sementes lançadas hoje brotarão e frutificarão apenas na vida adulta. A boa notícia é que Deus usa isso para, baseados nas Escrituras, tanto filhos quanto pais possam crescer – o que levará toda a vida.

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