Filhas sem pai

O que mais ouvi dos adolescentes nas mensagens do meu aniversário foi “você é como um pai para mim”. Me emocionei profundamente com cada uma delas. E não me sinto digno de todo esse carinho. Mas, junto com as lágrimas de emoção, há uma preocupação.

A quantidade de crianças que crescem sem um pai ou qualquer referencial masculino é alarmante. Para as meninas, crescer sem um bom pai pode ter dois resultados. O primeiro, é a carência emocional, frequentemente canalizada para relacionamentos abusivos na adolescência e ao longo da vida. Já vi boas moças aceitarem migalhas relacionais, se submeterem a situações de vulnerabilidade e até mesmo agressão físico-verbal. Tudo por um pouco de atenção e o sentimento subjetivo de proteção. Moças assim, querendo ter um pouco, acabam não tendo nada.

O Segundo resultado, diferente do primeiro, é a moça não saber ser cuidada e ver qualquer trato gentil e zeloso de um homem como, no mínimo, desconfortável. Essa moça, quando ainda era menina, ouviu dizer que precisa ser forte o tempo inteiro e que não pode depender de ninguém. E foi isso que fez: se tornou forte como aço, mas para isso sacrificou muito. Quanto mais duro é o metal, mais quebradiço – e cedo ou tarde ele quebrará.

Perceba que temos dois tipos de reação diametralmente antagônicas. Uma muito carente e vulnerável, outra dura, inacessível e que reage bruscamente a qualquer cuidado, por mais legítimo que seja. Entre esses dois opostos, temos uma infinitude de variáveis, onde inúmeras moças sofrem, conscientemente ou não. 

A falta de um bom referencial masculino afeta a correta construção da feminilidade. Deus, em sua infinita sabedoria, estabeleceu a necessidade de participação de uma mãe e pai, ou figuras que representem esses papéis. Sem isso, temos toda uma geração de meninas que vivem num corredor escuro, tateando as suas paredes existenciais, tentando se encontrar, mas se perdendo mais. Muito mais.

Filhas precisam de um pai que as ensine ser seguras e tratadas com respeito. Que represente autoridade e gentileza. Que as trate como princesas e, ao mesmo tempo, as forje para se tornarem mulheres determinadas.

Filhas precisam de um pai que garanta que sempre estará ali, pronto, presente enquanto houver vida. E que diga que tudo ficará bem, ainda que tudo dê errado. E que, acima de tudo, declare: eu te amo muito, mas confie em Deus, que é o Pai perfeito e que te ama muito mais!

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