“Eu venci a depressão” – foi o que ouvi da boca de um adolescente. Imediatamente meus olhos se banharam em lágrimas, meus óculos embaçaram e eu o abracei. De joelhos oramos juntos, louvando a Deus. Que momento incrível!
Nem sempre, entretanto, foi assim na vida desse menino de 15 anos. Há alguns meses ele pediu para conversarmos, motivado pela pregação feita na reunião dos adolescentes. Ele confessou que se cortava, chorava reprimidamente pelos cantos da vida e queria morrer. Disse que seus pais eram crentes, mas que não entedia muito bem o que Jesus tinha feito na Cruz – até aquele momento.
A mensagem daquela noite desvendou seus olhos para quem Deus é e, consequentemente, quem ele era. Agora ele cria em Jesus! A partir daí iniciamos uma caminhada onde ele foi ensinado as implicações do evangelho. Por isso, ele venceu a depressão.
Vencer a depressão, contudo, pode não significar ficar livre de remédios. Nem sempre é se livrar do sentimento de angústia e tristeza. Quase nunca é viver como se a depressão nunca tivesse existido. Em alguns casos pode até ser, mas não todos. Alguns definem “vitória” como bem estar pessoal, ou ter própria vontade satisfeita, mas isso não é verdade.
Como a depressão foi vencida? Não foi deixando de tomar os remédios, nem deixando de sentir a angústia ou se livrando completamente dos sintomas. Foi aprendendo mais sobre o caráter amoroso de Cristo e amando-o intensamente. Foi entendendo que a medicina era graça comum de Deus. Foi crendo que nem sempre Jesus o livra da angústia, mas a atravessa junto à ele.
Foi também compreendendo que todas as desgraças do mundo, inclusive as doenças do corpo e alma, são fruto da Queda, mas Cristo já está redimindo todas as coisas. Foi abraçando a firme esperança de que um dia toda lágrima será enxuta. Foi confiando na Palavra de Deus, não em suas próprias sensações e sentimentos.
A vitória sobre a depressão não está em seu próprio desempenho e esforço – isso o deixaria mais cansado. Não está em algum recurso que possua – isso o deixaria mais sobrecarregado. Também não está em algo que é – isso o deixaria mais inseguro. Está na misericórdia de Jesus, que levou sobre si os nossos fardos nos dando o seu, que é leve. Está na graça, que o fez tomar sobre si nossa miséria, para nos enriquecer espiritualmente. Está também em seu amor sem precedentes, que o inclinou a pessoas insuficientes, sendo suficiente em nosso lugar.
Dane Ortlund, no livro Manso e Humilde vai dizer que “Jesus não ama como nós amamos. Nós amamos até sermos traídos; ele continua na cruz mesmo depois de ser traído. Nós amamos até sermos rejeitados; ele ama até durante a rejeição. Nós amamos até o limite. Jesus ama até o fim (Jo 13.1).” Esse é o poder que dá vitória sobre a depressão e qualquer outra mazela em nós, nas pessoas ou no mundo.
Pessoas podem ajudar, mas não resolver o problema. A medicina pode diminuir a dor do corpo, mas não curar a alma. As circunstâncias podem contribuir, mas não redimir. Só nos resta voltar nosso olhar aCristo
porque, como disse StevenLawson, “se olho para mim, me deprimo. Quando olho para os outros me iludo. Quando olho para as circunstâncias me desencorajo. Mas quando olho para Cristo me completo.”
O que a misericórdia, graça e amor de Jesus faz (ou deveria fazer) você vencer?