Está escrito nas estrelas

“Está escrito nas estrelas”. Já ouvi esse bordão diversas vezes, em variadas circunstâncias, épocas e fases da vida. Não nego, já o usei também. Em minha defesa, eu era adolescente, gostava de uma menina da escola com estilo alternativo e, bem… precisa dizer mais alguma coisa? 

Naquela época, no início dos anos 2000, as “estrelas” estavam na moda. O desenho Cavaleiros do Zodíaco estava em alta, ganhando até música em português interpretada por bandas famosas como Angra. Para as meninas, tinha um desenho chamado Sailor Moon, além das muito vendidas revistas Capricho. Essa revista adolescente trazia horóscopos detalhados, testes de compatibilidade fundamentados nos signos e vários artigos explicando o comportamento das pessoas baseando-se na influência das estrelas. Para a família, no horário nobre da Rede Globo, era transmitida a novela O Clone, sucesso absoluto de audiência. O tempo inteiro ouvíamos “está escrito nas estrelas”. Horóscopo, astrologia e afins eram mais do que um bordão, era crença popular.

Toda uma geração cresceu sendo alimentada culturalmente com essa ideia, diretamente ou indiretamente. Anos se passaram e a crença resistiu, assim como seus malefícios. Aliás, esse tipo de crença é mais antiga e no tempo bíblico já era condenada.

Deus é quem criou todas as coisas e conduz a história (Gn 1.1; Hb 1.3). Das coisas pequenas até as grandes, Ele é o supremo influenciador de tudo, não os astros. O céu é obra de suas mãos (Sl 8.3; 19.1) e, ao o contemplarmos, deveríamos ficar mais fascinados com o artista do que com a arte (Sl 147.4). Com as mesmas mãos que Deus pintou os céus, escreve nossa história. Uma inversão nos torna idólatras, já que estaremos atribuindo poder divino às coisas criadas. 

A Bíblia diz: “Quando levantarem os olhos para os céus e verem o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o exército dos céus, cuidem para que vocês não sejam seduzidos a inclinar-se diante deles e prestar culto a essas coisas que o Senhor, seu Deus, repartiu a todos os povos debaixo dos céus.” (Dt 4.19) E idólatras não herdarão o Reino dos Céus (Ap 22.15).

É mais fácil, entretanto, acreditar que a posição das estrelas influencia o comportamento humano, a ética ou determina o que as pessoas são. É mais fácil falar que é “assim mesmo” do que administrar o temperamento ruim. É mais fácil dizer que “não é compatível” do que lutar pelo relacionamento. É mais fácil falar que foi “culpa das estrelas” do que dizer “foi minha culpa”. No fundo, é uma fuga da responsabilidade e terceirização da culpa dos fracassos pessoais. 

As estrelas não têm moralidade, não julgam e não condenam. Elas são impessoais, estão distantes, não nos veem, tampouco nos influenciam de verdade. Deus, por outro lado, é Santo, tudo vê, sonda, conhece e se importa (Sl 139). Para os que creem em Seu Filho, Jesus, prometeu estar perto até a consumação dos séculos (Mt 28.20). 

Não precisamos seguir as instruções das estrelas, ainda que nos pareça ter alguma semelhança ou eventual coincidência. Afinal, as características mencionadas no horóscopo acabariam coincidindo com as de alguém em 7 bilhões de pessoas no mundo. Precisamos, sim, seguir os passos de Jesus, que se encarnou, assemelhando-se a todos nós. O signo de seus discípulos é a cruz! 

Não, não está escrito nas estrelas. Tudo está escrito no livro de Deus (Ap 5). Apenas.

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